segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Lugares comuns?

Uma forma cómoda de travar conhecimento com uma cidade é procurar saber como se trabalha, como se ama e como se morre. Na nossa pequena cidade, talvez por efeito do clima, tudo se faz ao mesmo tempo, com o mesmo ar frenético e distante. Quer dizer que as pessoas se entediam e se dedicam a criar hábitos. Nossos concidadãos trabalham muito, mas apenas para enriquecer. Interessam-se principalmente pelo comércio e ocupam-se, em primeiro lugar, conforme sua própria expressão, em fazer negócios. Naturalmente, apreciam prazeres simples, gostam das mulheres, de cinema e de banhos de mar. Muito sensatamente, porém, reservam os prazeres para os domingos e os sábados à noite, procurando, nos outros dias da semana, ganhar muito dinheiro. À tarde, quando saem dos escritórios, reúnem-se a uma hora fixa nos cafés, passeiam na mesma avenida ou instalam-se nas suas varandas. Os desejos dos mais velhos não vão além das associações de boulomanes7, os banquetes das amicales8 e os ambientes em que se aposta alto no jogo de cartas.
(CAMUS - A Peste) pg. 9,10.


Ás vezes nos apaixonamos por romances, e por esse, sou completamente apoixanada !!!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

O princípio recomeça....

Perto de completar dois anos de hiato, sem publicar absolutamente nada neste blog, não há nada a explicar além da minha falta de vontade em escrever, sim, como poderia fazê-lo sem ela? é inspirador fazer algo sem motivação ou vontade ? Creio que não. Por esse mesmo motivo agora regresso aqui, ela – a vontade - resolveu me visitar, espero que desta vez ela não me engane e saia correndo sem paradeiro por esse mundo, aliás, acho que há um complô entre ela e as palavras, essas meninas atrevidas que insistem em correr para longe quando mais preciso delas, e que decidem “do nada” me visitar e me atormentar em momentos em que a escrita é praticamente impossível...
Bem, foi esta visita que me trouxe aqui novamente e espero humildemente, que ela agora passe a morar comigo, ou brigaremos de vez, rs. A Vontade me inspira, me completa e me confunde, sem ela eu seria incapaz até mesmo de entender quem sou, e até onde quero chegar...

Preso entre os ponteiros.


Há dias que tenho fome, há dias que tenho frio
Mas há dias que parecem noites infinitas
E vivo na escuridão
Sem saber se o dia irá clarear

Eu existo apenas como matéria
Pois todos me ignoram
Acham-me inútil, sujo e vagabundo
Sentem desprezo e me repudiam

Passam por mim correndo, desesperados falando em seus celulares
Com suas gravatas enforcadoras e papéis nas mãos
Estão presos em um cárcere imaginário onde sequer percebem
Que tudo o que querem é uma mera ilusão

Sentem asco de minha condição
E eu sinto que a felicidade é uma amiga anônima
Que se mantém no desconhecido, e nos visita no mesmo horário...